quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Engenho Central


  Os engenhos no vale do Pindaré

Segundo Adilson Mota em seu artigo, “Um Breve Histórico do Desenvolvimento no Vale do Pindaré”, em 1860 no Maranhão havia 420 engenhos, sendo que 98 se encontravam no Vale do Pindaré.
O governo provincial procurava através dos engenhos promover a economia maranhense, sobretudo investindo no fabrico moderno do açúcar e demais produtos da exploração canavieira, tendo como base a instalação dos engenhos centrais.

Engenho Central São Pedro de Alcântara

A relevância política e social do [1] engenho central São Pedro, na região de Pindaré Mirim, pode ser entendida em relação à posição que as camadas de proprietários de engenhos, como segmentos da classe produtora escravista, ocupou na estrutura de poder da sociedade brasileira, durante o século XIX, membros do setor acreditavam, ser a mecanização altamente sofisticada, do setor de beneficiamento de cana-de-açúcar a tábula de salvação para os problemas que afetavam e economia açucareira na segunda metade do referido século.
Produzir muito e barato, era a fórmula salvadora realizada por meio dos engenhos centrais (Adilson Motta).
Neste edifício funcionou o Engenho Central da Companhia Progresso Agrícola do Maranhão.
O Engenho Central São Pedro de Alcântara foi criado pelo Decreto-Lei nº 7811 de 31 de agosto de 1880, aprovado pela Câmara dos Deputados da Província do Maranhão.
O galpão, com seus paredões em alvenaria e seu teto com estrutura e laminados de ferro, foi construído à margem direita do rio Pindaré. Adentrando as quadras dos canaviais foi construído 12 Km de ferrovia (sendo esta, a primeira ferrovia do Maranhão). Sobre esses trilhos rodavam 105 vagões carregando 315 toneladas de cana. Todo o maquinário e aparelhagem foram importados da Inglaterra. O engenho ainda contava com 500 carros de boi e 35 carroças.
A inauguração da ferrovia se deu em 13 de setembro de 1883 e a do engenho central em 16 de agosto de 1884.
Em 1888, por iniciativa da Companhia Progresso Agrícola do Maranhão – cuja sede funcionava dentro do engenho central - foi instalado em São Pedro (Pindaré Mirim) um sistema de iluminação elétrica, conferindo ao município pioneirismo no setor em todo o território nacional, pois somente em 1892 é que a cidade fluminense de Campos teve sua unidade geradora de energia elétrica efetivamente inaugurada.
Por sua colossal estrutura o engenho central demandava uma gigantesca mão de obra (No eito da plantação canavieira, no transporte em carros de boi, em carroças, no trem, na unidade fabril, nas atividades portuárias), conferindo ao Maranhão um panorama (de tecnologia e desenvolvimento), até então, inédito.
No entanto, invernos rigorosos seguido de um período de seca levaram à escassez de matéria prima, a via férrea foi danificada, sem matéria prima o engenho ficou impedido de funcionar. Somado a estes fatores, juros de largas proporções levaram o engenho central ao declínio.
Segundo Eliomar Sousa Costa em 1910 o engenho central foi a leilão e arrematado por 90 contos de réis por uma companhia pernambucana. O trem e toda a maquinaria e aparelhagem da unidade fabril foram levados, restando apenas seu imponente edifício, hoje, tombado como patrimônio histórico pelo estado.


[1] Um engenho central era uma planta industrial moderna, suas máquinas a vapor eram importadas da França ou Inglaterra, tinha alta capacidade de processamento de matéria prima.
Quando um engenho central entrava em funcionamento os engenhos tradicionais eram desativados, continuando apenas com o cultivo da dana cujo processamento era feito na nova planta industrial, ou seja, esta nova planta industrial centralizava o processamento de cana-de-açúcar de várias fazendas de uma região, daí o nome engenho central.
É válido lembrar ainda que os engenhos centrais – embora funcionassem como cooperativas (em sua maioria), tendo como sócios os senhores de engenhos e plantadores de cana da região – tinham caráter semi-oficial, isto é, estavam diretamente ligados aos governos do império ou das províncias: eram subsidiados pelo governo, em alguns casos o contrato para concessão de crédito inibia o trabalho escravo dentro da unidade fabril, só processavam matéria prima terceirizada, eram criados através de decretos-leis.

Para saber mais sobre os engenhos centrais visite o link Engenho Central de Quissamã..



Franciel Oliveira 


Fontes:
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional:http://www.iphan.gov.br/ans.net/tema_consulta.asp?Linha=tc_hist.gif&Cod=2783
COSTA, Eliomar Sousa. Santa Inês Tem História.




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